Moçambique abre Cahora Bassa ao capital privado nacional
O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, anunciou a abertura de 7,5 % das ações da Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB) a cidadãos, empresas e instituições nacionais, através da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM).
Nyusi fez o anúncio, segunda-feira (27), na vila do Songo, na província central de Tete, na cerimónia que marcou a passagem dos dez anos de reversão da HCB a favor do Estado moçambicano.
O presidente destacou que com esta decisão pretende-se abrir espaço para investimentos nacionais na estrutura acionista deste empreendimento que já é efetivamente moçambicano.
Segundo Nyusi, a HCB amortizou em 2016 a dívida de 800 milhões de dólares norte-americanos que tinha com Portugal pela reversão, pagamento feito 18 meses antes do prazo que havia sido estipulado.
“No dia 25 de Novembro, ao lançarmos o programa nacional de produção e distribuição de carteiras escolares, realizamos uma parte do nosso plano de inclusão. Hoje acrescentamos valor a esse plano com a abertura da estrutura acionista da HCB a nacionais”, disse o presidente.
Nyusi reconheceu que esta decisão não vai atingir a todos, avançando que se trata de um sinal de inclusão e inovação através da qual se pretende que esta infraestrutura seja gerida com transparência, respeitando os mais altos padrões internacionais.
Segundo Nyusi, é assim que, durante os próximo 10 anos, a HCB vai investir 500 milhões de euros na reabilitação da subestação do Songo apetrechando-a com tecnologia de ponta para alinhar o parque eletroprodutor com as necessidades de consumo nacional e internacional.
“Com esta tecnologia, a HCB vai garantir a produção sustentável de uma energia limpa e fiável para abastecer o mercado interno e o da África Austral”, disse.
O investimento inclui a modernização do processo de gestão, adoção de auditorias internas e a gestão integrada de recursos humanos para garantia da melhoria contínua da eficiência e para maximizar os lucros.
De acordo com o Presidente, durante os 10 anos de reversão que hoje se assinalam, a HCB passou por várias adversidades das quais se destaca a avaria da bobina de alisamento que ditou a redução da geração de energia em cerca de 800 Mwh, cuja reposição custou 109.5 milhões de randes cobertos pelo contrato de seguros.
A desvalorização do metical face às principais moedas internacionais teve também um impacto negativo, fator que se aliou à seca que se regista nos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que fez com que os níveis de armazenamento de água se situassem cerca de oito metros abaixo do necessário.
Estas adversidades, segundo Nyusi, foram superadas através de investimentos na rede produtiva e uma gestão criteriosa.
Para garantir a geração da quantidade de energia necessária para o desenvolvimento, o Presidente apontou como alternativas a construção de novas infraestruturas de geração como são os casos da centros de Chicamba, Chibata, central solar de Mocuba, central de Namialo, central a gás de Temane e a linha de transporte Vilanculo/Maputo.
Como desafios que se impõem à HCB e à empresa Eletricidade de Moçambique (EDM), Nyusi referiu, como preponderantes, a construção da barragem de Mpanda Nkuwa e a linha de transporte Tete/Maputo.
Felipe Nyusi, destacou ainda a necessidade de a HCB dar continuidade à realização de projetos sociais, no âmbito da sua responsabilidade.