Ambiente
O arquipélago de que faz parte Omuhipiti/Ilha de Moçambique é, provavelmente, o remanescente fóssil de um antigo delta extenso. Uma redução no depósito de sedimentos, somada a uma descida do nível do mar e a processos de erosão natural resultaram na separação de várias ilhas do continente. Estes processos de erosão natural, que ainda continuam a fazer-se sentir, deram às ilhas a sua actual configuração.
Os solos nessas ilhas são geralmente areias terciárias sobre uma fundação de grés costeiro, formado através da precipitação de cloreto de cálcio e da cimentação subsequente das partículas de areia.
A formação rochosa superior exposta é composta por grés costeiro recente e organismos marinhos fossilizados, incluindo aglomerados de corais.
Omuhipiti, ou a ilha propriamente dita, encontra-se quase totalmente desprovida de recursos naturais. Esta característica, contribui para a dependência, em alimentos e matérias-primas, da parte continental.
No que respeita à flora, existem algumas árvores ornamentais.. A população local considera que a Azadirachita-indica (árvore neem ou margosa) que ladeia alguns passeios da ilha, possui alto valor como pesticida e fertilizante. A vegetação costeira, composta por espécies tais como Canavalia roseus (Fabaceae), Ipomoea pescaprae (Convolvulaceae) e Cyperus maritimus (Cyperaceae), ocorre nas praias arenosas acima da linha superior da maré alta. Estas espécies têm um papel importante na formação e estabilização das praias.
A vegetação original, antes da urbanização, era composta essencialmente por mangal, alguns arbustos, cobre solos e também palmeiras.
As folhas destas últimas foram, ao longo do tempo, largamente usadas na cobertura das casas, todavía os movimentos migratórios e as viagens comerciais modificaram, progressivamente, a vegetação. Com efeito, foram introduzidas várias espécies vindas do continente bem como da Ásia, das Américas Central e do Sul, e da Austrália. Assim, é possível encontrar Quininas vindas da Índia, Acácias Rubras de Madagáscar e também a Azadirachita-indica.
Ao longo da contra-costa é notória a presença de casuarinas que fornecem alguma protecção contra os ventos marítimos. O Plano Estratégico da Ilha de Moçambique "refere que a vegetação original da Ilha de Moçambique é muito pouco variada, pelo que diversas espécies de árvores foram introduzidas". Actualmente, é composta, basicamente, por Azadirachita-indica, coqueiros, casuarinas, figueira-brava e uma variedade de acácia-rubra, mafureiras, assim como algumas espécies de fruteiras.
A conservação ambiental é uma preocupação constante, tanto para as autoridades governativas como para organizações da sociedade civil.
Os fenómenos de erosão nas praias ocorrem já há décadas, sendo difícil concluir sobre as suas causas pois, se por um lado, verifica-se a subida do nível médio das águas do mar, por outro, são patentes as actividades humanas que facilitam os processos naturais de degradação (destruição dos recifes de coral e das dunas, que tem uma influência importante numa maior mobilidade das areias). No entanto, esforços têm sido empreendidos no sentido de repor alguma vegetação, nomeadamente árvores fruteiras e de sombra.
Com efeito, a elevada densidade populacional tem exercido pressão excessiva sobre os poucos recursos disponíveis.